Para se fazer uma estimativa fundada em informações, é necessário levar em consideração quatro fatores importantes:
1. A probabilidade de melhorar sua mão a dada carta comunitária virada na mesa, o que é basicamente um exercício de matemática.
2. Uma estimativa da mão que seu oponente possui, o que é um exercício de razão indutiva baseado nas mãos que ele jogou anteriormente, no seu estilo de jogo e nas apostas que ele fez até o momento.
3. A probabilidade de a mão de seu oponente melhorar – outro exercício de matemática, mais complicado, devido ao fato de você não ter certeza do que ele está segurando.
4. As probabilidades oferecidas pelo pote.
Em muitas mãos de hold’em existe um fator que se torna tão mais importante do que os outros, que faz com que não seja preciso pensar tanto:
1. Um jogador possui uma mão tão forte que ele não se importa com o que o oponente possa ter.
2. Um jogador possui uma mão tão fraca que ele praticamente tem certeza que irá perder na hora de mostrar as cartas.
3. As pot odds são tão grandes que ele basicamente pode jogar com quaisquer duas cartas.
O que faz com que os bons jogadores de no-limit hold’em sejam notoriamente mais habilidosos e tenham resultados claramente mais lucrativos? São basicamente dois fatores técnicos: a quantidade de informações disponíveis e a habilidade de controlar as pot odds do oponente.
O objetivo de todas as formas de poker é evitar cometer erros, ao mesmo tempo em que se induz os oponentes a errar o máximo possível. O no-limit hold’em é vantajoso para os bons jogadores por uma simples razão: ao realizar deduções melhores sobre as mãos dos oponentes, eles conseguem fazer apostas que dão mais chances para os oponentes errarem. Quando o adversário não lê a situação corretamente e comete um erro desse tipo, o bom jogador ganha e o oponente perde.
Elementos de uma mão
- Em qual estágio do torneio se encontra?
- Existem quantos jogadores na mesa?
Em mesas cheias, o jogo tende a ser mais tight, pois existe uma possibilidade maior de alguém possuir uma mão melhor que a sua. A medida que a quantidade de jogadores vai diminuindo, os requisitos para uma mão inicial vão reduzindo.
- Quem são os jogadores em sua mesa?
O estilo dos jogadores na sua mesa deve influenciar sua forma de jogar. Se os jogadores são tight vale a pena ser um pouco mais agressivo, tentar roubar os potes, etc. Se os jogadores estão bastante agressivos, vale a pena ser conservador e jogar com mãos sólidas para levar os potes. Em geral, jogar o estilo oposto dos adversários será lucrativo.
- Qual a relação entre seu stack os blinds e antes?
Essa proporção vai controlar o estilo de jogo, se é você vai jogar sem nenhuma pressão, fazendo jogadas longas, aguardando a mão mais adequada. Ou se vai jogar empurrando todas as fichas pois é a única forma de tentar sobreviver.
- Quantas fichas os outros jogadores têm?
- Onde você está sentado em relação aos jogadores passivos e ativos da mesa?
- Que apostas foram feitas antes de chegar a sua vez de falar?
As apostas que ocorreram antes de você vão ditar se é interessante ou não entrar na aposta com a mão em questão. A mão para entrar em um pote em que já houve raise e re-raise deve ser bem melhor que a mão para abrir um pote que todos jogadores deram fold.
- Quantos jogadores ainda vão falar depois de você?
Quando sua jogada encerrar as apostas, estará bem mais seguro do que quando ainda houver uma série de jogadores por falar.
- Quais são as probabilidades do pote?
A expectativa deve ser avaliada sempre que possível para garantir que as jogadas são lucrativas no longo prazo. Esta deve ser calculada antes de decidir se vai entrar no pote ou não.
- Qual sua posição na mesa após o flop?
O último a falar é o jogador que possui mais informações pois já terá visto todos os outros jogadores apostar.
- Quais são suas cartas? As cartas são importantes mas em muitos casos outros fatores serão mais relevantes que as cartas em si.
Jogar bem o poker é uma questão de equilíbrio. Você analisa a situação, pesa todos os fatores e escolhe a hogada que melhor se encaixa no momento.
Exemplo de uma mão
Ao comentar uma mão que ocorreu no WSOP, com o próprio Harrington jogando. Ele comenta um raciocínio básico para optar por dar call ao invés de dar um raise. Numa mesa de 7 jogadores, Harington na posição 4. Jogador no UTG dá um raise de 3BB (com 99), dois jogadores dão fold. Harrington recebe AK e reflete sobre a jogada a ser feita: ele estava antes do Button então provavelmente teria posição nas próximas jogadas, dessa forma, conclui que não precisa jogar a mão com muita força antes do flop. Ele concluiu que podia deixar a posição, em vez da aposta, fizesse o trabalho adicional para tentar ganhar a aposta.
Harrington comenta que ao chegar no flop Harrington reflete sobre os seguintes pontos:
1. O flop me ajudou?
2. Com base na maneira como sou visto na mesa, os outros jogadores vão achar que o flop me ajudou?
3. Considerando o que eu sei sobre os outros jogadores, o flop pode ter ajudado algum deeles?
Um jogador que é visto como conservador pela mesa não deve jamais tentar blefar em um flop que não condiz com o estilo de jogo. Por exemplo, você tem jogado durante horas como um jogador conservador, recebe AK dá o seu raise... o flop vem 9-6-4, a mesa vai perceber que é muito provável que esse flop não ajudou e blefar nesse cenário pode ser perigoso.
Harrington comenta sobre a aposta de meio pote, quando é feito esse tipo de aposta no flop se você ganhar uma em cada três tentativas estará no ponto de equilíbrio, mais que isso é lucro. Nessa mão um jogador que vem jogando agressivo e na mão em questão conseguiu fazer a trinca mais alta da mesa, ele poderia fazer slowplay? Não faz sentido, iria levantar suspeitas de uma mão extremamente forte, então ele fez a continuation bet.